Difícil achar por onde
começar...
Pô, de uns tempos pra
cá, quem viveu o universo nerd dos anos 80 tem tido leituras
interessantíssimas. Marvel Comics, A História Secreta é uma delas.
O lance chave do livro
inteiro é que tudo o que acontecia no mundo real tinha reflexo
imediato nos quadrinhos. E não estou falando de fatos históricos
como Vietnã, Guerra Fria e Discoteca. São os embates entre
escritores, diretores, desenhistas. Conflitos épicos!
Muita gente nasceu
profissionalmente dentro da Marvel. Criou seus filhos alí (seus
personagens) e fui cuspida com uma mão na frente e outra atrás. O
tratamento que deram ao Jack "The King" Kirby não foi
legal (tanto do ponto de vista jurídico quanto cool) , essa parada
de "work for hire", de criar coisas e o empregador se
tornar o autor não é uma jogada das mais inteligentes pro
trabalhador criativo. Parece simples mas foi um problema que permeou
o nascimento da Marvel (começando com os personagens "alugados"
Namor e Tocha Humana) até os loucos anos 90, com as grande estrelas
que fugiram e se tornaram a Image Comics.
Uma das coisas que mais
me impressionou, minha saga favorita dos quadrinhos, que lí quando
era criança e nunca mais me esqueci: Guerras Secretas (um ser muito
poderoso rapta heróis e vilões da Terra e os fazem lutar entre sí
em troca de seus sonhos realizados) foi uma história criada por um
editor megalomaníaco que queria mostrar aos seus funcionários como
se faziam as coisas, que, já que ninguém criava nada de bom na
editora, queria mostrar que ele sozinho iria ajeitar as coisas. Um
cara que entrou lá como assistente do Stan Lee, super humilde,
ajudando todo mundo e terminou odiado pela equipe inteira. Seu nome?
Jim Shooter, o "Trouble Shooter".
X-Men? Série prestes a
ser cancelada. Mais heróis como quaisquer outros, a diferença que
já nasciam com super poderes. O Stan Lee ainda criou tornar a trama
paralela à discussão racial em voga (com o professor Xavier agindo
como o pacifista Martin Luhter King e o Magneto com atitudes mais
diretas, a exemplo do Malcom X). Veio Chris Claremont, introduziu
outros personagens, inclusive Wolverine. Trouxe dramas psicológicos
quando antes as histórias eram meros confrontos entre super-seres.
Criou Kitty Pryde com toda a rebeldia universal da adolescência.
Levou a franquia X lá pra cima.
Homem Aranha? Stan Lee
queria mais Aranha, Steve Ditko queria mais Peter Parker. Brigaram.
Produziram algum tempo juntos, sem nem se ver pessoalmente ou se
falar.
Enfim. O livro é
realmente rico, uma paulada de páginas muito bem escritas. E muita
história marvel das mais malucas passam a fazer sentido. GRANDE
OBRA!!
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