Uma
viagem começa com a decisão do que levar e, principalmente, o que
deixar para trás. Para percorrer os dois mil e duzentos quilômetros
até a península de Cabedelo, na Paraíba, além da excelente
companhia de Dona Nini, Seu Jesus, Clarinha e minha garota, a Maísa,
tive também música e leitura das melhores qualidades.
Nos
ouvidos
O
disco "Vamo Batê Lata" d'Os Paralamas do Sucesso ,
de 1995, era inédito pra mim (só conhecia o que tocava na rádio).
Com releituras empolgantes dos clássicos (Meu Erro, A Novidade e
outras) é energia explosiva ao vivo complementado com finas
composições de estúdio (como a belíssima Esta Tarde). Entre uma
faixa e outra ouvi também o audiolivro "Tudo
o que você precisa saber sobre Umbanda"
de Janaína Azevedo. Faço a ponte entre a religião e a música:
essas duas obras são a máxima expressão da brasilidade. O Caboclo
das Sete Encruzilhadas e versos como "Vamo de tamanco pro
cubano/No aperto do abraço do suvaco do pão/Quatro sete sete cinco
meia/No batuque samba funk da alegria arrastão" são provas que
temos sim uma cultura única, temos sim elementos só nossos.
Livros
Concluídos
O
divertido "Férias",
da Marian Keynes. A garota do interior escocês encantada com as
luzes da cidade de Nova Iorque é arrastada pro mundinho fácil das
festas, drogas e relações amorosas fast-food. É internada numa
clínica de dependentes (alcoolátras, toxicômanos, viciados em
jogos de azar, comida, etc) e a história é sobre a convivência com
os outros internos e seus dramas, os flashbacks da intensa curtição
da naite
norte-americana e a relação com sua família (que é um capítulo a
parte, pois são cinco irmãs, personagens delicionamente distintas +
os conflitos que todos nós temos com nossos pais).
Lacan
foi um psicanalista francês, que difundiu o retorno a Freud. Seu
pensamento é difícil de entender e suas palavras carregadas de
significados exclusivos dentro de sua obra. "Como Ler Lacan",
do Slavoj Žižek (adoro esse cara, é tipo um
Chacrinha da sociologia) oferece um bom começo pra interpretar o
Super Eu, o Outro, Sujeito Suposto Saber e outras coisas lacanianas.
Žižek utiliza, por exemplo, a criatura de Alien, o 8º passageiro
para explicar a “pulsão de morte” freudiana, em Lacan “A
Lamela”, a libido indestrutível, que assume um sem-número de
formas, a natureza sublimada em uma “corporificação pesadelar do
reino natural”.
Livros
Iniciados
No
último dia de 2013 tive uma grata surpresa: ganhei de presente, da
Dona Nini, o fantástico “Wild
Cards 2, Ases nas Alturas”.
Já havia terminado fazia algum tempo sua primeira parte, o Wild
Cards 1 e, junto do “A História Secreta da Marvel” foram os
livros do universo nerd que mais tive gosto de ler em 2013. Como bom
fã de Philip K. Dick e Isaac Asimov sempre gostei das histórias
sobre robôs, o eterno conflito criador-criatura, tão bem
representado em Assim
falou Zaratustra, do Nietzsche
e imortalizado em Frankenstein, da Mary Shelley. Em “Wild
Cards 2, Ases nas Alturas” estou a acompanhar Modular, um robô
humanóide cheio de recursos (super força, voo,
semi-invulnerabilidade, invisibilidade, intangibilidade,
raciocínio ultra-rápido) que assimila em sua estrutura
computadorizada de consciência um programa de sentimentos e razões
humanas inserido por seu criador para que pudesse enfrentar melhor
“os inimigos da sociedade”. O programa cria uma série de
questionamentos e faz com que o andróide queira amar, provar
bebidas, tente buscar o significado da existência. Existem outros
personagens e tramas, entretanto, essa história do Modular tem me
chamado mais a atenção.
Não
sei nadar. Somente através do clássico “Vinte
Mil Léguas Submarinas”,
do visionário Júlio Verne, posso mergulhar e observar os recifes
permeados de corais, a vida em todas as suas formas e cores. É um
romance cujo cenário é o ecossistema marítimo. Perigosos
cachalotes, agressivos tubarões, baleias gigantes, pesca submarina
de ostras, tesouros de navios afundados, esses elementos de histórias
de piratas e mar estão todos lá. E vai além, é ficção
científica, nos apresenta o submarino e o mergulho com unidades
individuais de oxigenação, o Aqualung,
muito
antes do Jacques
Cousteau. O que considero fundamental na história é o poder da
inventividade humana, resumida nessa frase do personagem narrador, o
Professor Aronnax:
"A
descoberta da existência do ser mais fabuloso e mais mitológico não
teria surpreendido mais a minha inteligência. Que venha do Criador
tudo o que é prodigioso, espera-se. Mas encontrar de repente, diante
dos nossos olhos, o impossível realizado misteriosamente pelo homem,
confunde as ideias. E no entanto, era verdade"
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