sexta-feira, 4 de julho de 2014

"A Peste" de Albert Camus


"A princípio, quando achavam que era uma doença como as outras, a religião tinha prestígio. Mas quando viram que o caso era sério, lembraram-se do prazer. Toda angústia que se pinta durante o dia nos rostos se dissolve então, no crespúsculo ardente e poeirento, numa espécie de excitação desvairada, numa liberdade desajeitada que inflama todo um povo"

É um livro razoável.

("uau, cara, como você fala isso da grande obra de Albert Camus??")

Talvez eu não tenha maturidade para entender a profundidade do romance. Embora admita que há passagens iluminadas:

"O mal que existe no mundo provém quase sempre da ignorância, e a boa vontade, se não for esclarecida, pode causar tantos danos quanto a maldade"

" A peste, é preciso que se diga, tirara a todos o poder do amor e até mesmo da amizade. Porque o amor exige um pouco de futuro e para nós só havia instantes"

Talvez se a peste transformasse as pessoas em mortos-vivos ( a exemplo do mash-up de "Orgulho & Preconceito & Zumbis ) a obra ficaria mais interessante. Tem umas coisas bem escrotas:

"Dois golpes de bisturi em cruz, e dos gânglios escorria uma pasta sangrenta. Os doentes sangravam. Mas surgiam manchas no ventre e nas pernas, um gânglio deixava de supurar, depois tornava a inchar. Na maior parte das vezes o doente morria exalando um cheiro terrível"

Enfim, tive certeza que, se procurasse ler outro livro, a Peste de Albert Camus ficaria de lado, abandonada.
Fiquei esperando a grande reviravolta e ela não veio. Achei que ia todo mundo morrer ou que alguém seria o herói que salvaria geral.

Sem spoilers. Parando poraqui. :-B

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