quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Estudo sobre Sebastião Salgado.


O fotógrafo de 70 anos é ateu. Da melhor postura niilista: se nada existe, vamos fazer alguma coisa. Nem sempre foi assim. Antes era o mundo cão traduzido em belíssimas imagens de milhares de gradações entre o preto e o branco. O ensaio sobre Serra Pelada foi uma (senão a primeira) das expressões fotográficas autorais que tive contato. Você pode não gostar da estética ou do tema. Mas aquelas fotos jamais passam despercebidas.

Sebastião Salgado esteve ontem no CCBB de Brasília. Trouxe luz e esperança para uma plateia composta, em sua maioria, de estudantes, estudantes de fotografia, fotógrafos e fotógrafos estudantes.

Ele foge da postura de herói ou messias da verdade. Além de afirmar, a todo momento, que "minhas fotografias sozinhas são nada" e sua esposa (parceira de vida e de labuta), equipe (laboratoristas, assistentes, produtores, etc) e o conglomerado de instituições públicas, privadas e comunidades (indígenas ou não) é que são importantes. Essa união, cuja amarração é sua nova exposição, Gênesis, é que é o objetivo final.

E não é da boca pra fora. Através de seu Instituto Terra, restaurou a Mata Atlântica no Vale do Rio Doce. Contou que a cicatrização da terra leva ao surgimento espontâneo de água, fauna e flora. Que espécies, supostamente extintas, ressurgiram na floresta refeita. Seria mágico se não fosse verdade.


"A Natureza nos transformou em ecologistas". Da prática a teoria, da experiência ao atestado da capacidade que temos de salvar o planeta. Que é possível sim dar marcha a ré na fim do mundo. E que tem que ser rápido. Porque daqui a pouco serão os extraterrestres que divulgarão poraí o mais novo animal desaparecido do universo: o ser humano.

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