Os
japoneses tem uma palavra pra descrever os desenhos das sombras e
luzes que são formadas pelo sol no chão, através das folhas das
árvores: komorebi.
Se
você almoçou e jantou com os espanhóis e depois começaram a
conversar, a esse momento se dá o nome de sobremesa (não,
não é a hora de comer doces!)
Nós,
que herdamos esse idioma complexo e maravilhoso, o português, também
temos algumas palavras só nossas. Tipo saudade: a falta de
alguém que está longe.
Talvez
seja uma dificuldade universal definir o sentido da palavra amor. E
dizer "eu te amo". Pq não vale pra todo mundo e toda
situação. Ou vale?
Amor
é gostar, aprovar, querer estar junto, querer ajudar. Sem querer
nada em troca.
(Ou
querer algo em troca sim: ser amado no mesmo nível, receber cafuné,
ganhar uma almoço, viajar junto, contar problemas, buscar
compreensão, transar loucamente, etc etc etc. será?)
O
enigma do amor se dá pq ele não é algo palpável. O mercado/cartão
de crédito/capitalismo diz que não. Seria possível sim provar
nosso amor através das coisas que conseguimos comprar pra nosso alvo
de amor: joias caras, presentes luxuosos, mil prestações a cumprir
para provar que o que sentimos encontra páreo na realidade
existente, da matéria das coisas.
Nosso
amor seria do tamanho de um cruzeiro marítimo ou de um anel de
diamantes, então? Acredito que nenhum dos dois. O amor não existe e
não pode ser medido ou pesado desse jeito. O amor é uma abstração
magicamente relativa.
(e
esse é justamente o mote de "O Mundo Não é o Bastante",
19º filme do James Bond, 007)
O
quanto cada pessoa é capaz de amar? O quanto cada pessoa é capaz de
receber amor? Será que conseguimos retribuir todo o amor que
recebemos?
Como
saber que amamos?
Você
tira a pele, abre a caixa torácica. E vê o coração. Lá dentro
estão as esperanças, os sonhos e os medos. Acredito que é aí que
o amor está (não é o pé da letra, viu, Sr. Jack?). E talvez seja
por essas coisas - conceitos, imagens de sí e do mundo, ideias e, em
um sentido mais profundo de metafísica ou romantismo, a ALMA - que
nos atraímos.
Existem
diversas formas de amar e que também acrescentam dificuldades em
dizer "eu te amo".
Eu
queria dizer "eu te amo" pros meus amigos, pras pessoas que
me rodeiam, por exemplo. Mas não dá. A conotação do amor é
sempre da união sexual. E, mesmo nesse aspecto é bastante confuso.
A gente não sabe qual a "modalidade" de amor queremos. É
muito complicado:
Tem
o amor que você quer, o amor que você acha que quer, o amor que
você acha que quer mas não quer mais quando enfim consegue. Existe
o amor que é seu contanto que você seja obediente, o amor que se
preocupa por não ser o bastante, amor que tem medo de ser
descoberto, o amor que teme ser julgado e descobrir-se insuficiente.
Há o amor que é quase - mas não é - forte o bastante, o amor que
faz você sentir que eles são melhores que você. O amor que só é
bom por causa da pessoa que você é enquanto está com ele. O amor
pelos animais, o amor pela natureza, o amor pelas bandeiras. O amor
de mãe (aí é assunto pra uma enciclopédia inteira. Não vamos
entrar nessa definição...)
É.
Realmente é difícil dizer "eu te amo".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Escreva sua opinião. Obrigado.