domingo, 23 de novembro de 2014

INTERESTELLAR. FILMÃO. FILMASSO.

INTERESTELLAR. FILMÃO. FILMASSO.

Contém spoilers que não fazem perder a graça do filme.
Mesmo que exaustivamente destrinchado e debatido vale a pena pela exuberante viagem visual que apresenta.

Finalmente conseguimos assistir ao Interestellar, do diretor dos últimos Batmans, o Christopher Nolan. Excelente. Apogeu da produção cinematográfica de nossos dias. Amarra de forma envolvente as questões contemporâneas.

Numa primeira camada mais aparente, superficial, apresenta o drama da destruição do mundo: nosso lar de saco cheio de nossa existência humana, a nos expulsar de seu corpo. O planeta tomado de convulsão e esterilidade e a necessidade de nos pirulitar. A questão indivíduo x comunidade ligada aos sentimentos do protagonista: ele segue em direção à grande aventura pra salvar sua filha através da descoberta da viagem espacial para um planeta sadio ou é um desbravador em busca de uma nova casa para a espécie humana? Acrescentado coragem, inteligência, surpresas e traições entre os personagens. Pronto, está feito um blockbuster. Só até aqui já garantiu um sucesso de público.

E segue mais ousado. As camadas mais profundas da película são: buracos negros e distorções tempo/espaço, nossa incapacidade de enxergar além do quadridimensional (altura, largura, profundidade e tempo), questões REAIS de viagem no tempo baseadas n'A Relatividade do Albert Einstein + “Buracos de Minhoca” do Stephen Hawking (pena que só dá ir pro futuro...) e sim, ELE, o AMOR. Eles estão do outro lado da galáxia e estão discutindo a influência da gravidade e do mais nobre dos sentimentos, sobre como essas coisas nos dominam, como nos afastam ou nos atraem. Sensacional.

Interestellar é um brinde à ficção científica. Uma obra com tantas referências a tudo que já foi feito e falado sobre o futuro que o divertido passa ser montar o quebra-cabeça de pecinhas de outras obras. Tá tudo lá: os robôs inteligentes e autônomos, máquinas que vão além de executar tarefas, companheiros indispensáveis na evolução do homo sapiens, como nos contos de Isaac Asimov (seriam essas máquinas alguma coisa entre o C3PO de Star Trek e o grande irmão HAL 9000?). Homens e mulheres cuja motivação os transformam em sacerdotes da ciência, despojados de salário ou poder, como em Star Trek (e também a Dobra Espacial, está lá, Dr. Spock!!). A viagem pro futuro é o argumento principal de Planeta dos Macacos (série antiga). Citar 2001: Uma Odisséia no Espaço é levar um tapa na cara da obviedade. Interestellar seria uma refilmagem atualizada do clássico de Stanley Kubrick, isto é, o filme de ontem dirigido às perguntas de hoje, como em O Dia Em Que A Terra Parou? A cena em que o protagonista chega à 5ª dimensão tem o mesmo impacto da viagem final do astronauta de 2001. E o melhor: assistir na telona, surround, absorvendo cada nuance de cor e som.

Sempre tive inveja da audiência dos anos 60 e 70 que foi presenteada com obras que arrebataram corações (inclusive o meu!!). Interestellar me fez sentir orgulho do momento em que estou vivo. Sem nostalgia, porque tenho a impressão que o melhor está sendo produzido agora: histórias incríveis + efeitos maravilhosos. E sou testemunha de tudo isso.

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