domingo, 1 de fevereiro de 2015

BATMAN & CONAN da década de 80


Não tenho televisão em casa. Embora acredite em magia & hipnotismo o que mais me assusta é a publicidade. E a tevê é uma porta para os condicionamentos mentais que as campanhas publicitárias nos induzem. Tudo muito gentil e sugestivo. São plantadas em nossas mentes sementes de insatisfatoriedade: não temos o que queremos. E se temos, tememos o dia em que podemos perder. Antes dessa descoberta/teoria da conspiração eu AMAVA com a força de todos meus poros o televisor. Ficava acordado até muito tarde pra assistir as estreias na TV aberta através da Tela Quente, sempre às segundas na Globo. Dormia antes de chegar ao final e, tempos depois, quando a continuação já era exibida nos cinemas era a vez da Sessão da Tarde reapresentar a película. Matava aula com qualquer desculpa para ver de dia o filme cortado e formatado pra caber na grade horária de forma que não interferisse no horário da próxima atração (uma minissérie importada ou hoje a eterna novelinha teen, celeiro de novos talentos do PROJAC, a sempre carioca Malhação).

Apesar disso, de vez em quando mergulho na televisão, tipo quando estou na casa de alguém. Na tarde de sábado foi impossível emergir da realidade (?) traduzida pelos diodos emissores de luz – ou LED. Fiquei preso ao sofá. Os safados do canal FX exibiram duas pérolas dos anos dourados de minha infância dos anos 80: Batman e Conan, o Destruidor.

O Batman do Tim Burton: o homem morcego de borracha contra o colorido Coringa, um “artista do crime”. Parece o velho seriado dos anos 60 com ares góticos acrescentados pelo diretor. Michael Keaton , o cara engraçado que fez o Beetlejuice (d'Os Fantasmas se Divertem) assumiu Bruce Wayne... Rá! Ainda bem que não existiam redes sociais na época. Jack Nicholson, pelo contrário, está em casa: o Coringa é mais uma carta em seu baralho de loucos (Um Estranho no Ninho, O Iluminado, Melhor é Impossível, etc). O rostinho da época, Kim Basinger atua como Vick Vale, a fotógrafa (o glamour dessa profissão empresta ainda mais charme à personagem). A trilha sonora do Prince dá uns toques de futuro do pretérito, com seu rap, guitarras e sintetizadores. Tudo se encaixa.

Conan, o Destruidor, um filme de macho: personagens rigidamente arquetípicos, cada um no seu quadrado, sem quaisquer nuances psicológicas ou tridimensionalidade. Cartoons em preto e branco. Tem o Bárbaro (forte, estúpido e prático), o Ladrão (medroso, fraco e cleptomaníaco), o Bruxo (místico, letrado e curandeiro), a Guerreira (determinada, agressiva e honrada), o Guarda-costas (protetor, fiel e preocupado) e a Virgem (inocente, intuitiva e bonita). O Mago do Mal cujos feitiços são o reflexo de sua personalidade: produzir um monstro simiesco escondido nos espelhos do ego (sua derrota é justamente a quebra de suas imagens refletidas).
Se há alguém que ofusca a interpretação (?) da montanha de músculos Arnold Schwarzenegger é Grace Jones que, com caras & bocas & urros & gritos transmite mais que mil palavras.

No final todos que acompanharam a Princesa Virgem recebem convites para integrar, em altos postos, o reino da agora Rainha Virgem (rá! Até o ladrão ganhou uma boquinha: se tornou o Bobo da Corte). Só pra contrariar, Conan recusa a oferta de desposar a Rainha. Vai embora do salão e termina o filme na imagem clássica da névoa vermelha com o bárbaro entronizado. Com a promessa que sim, ele ainda virá a se tornar rei. Grande filme.  

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