“(...) nos demos
conta de que temíamos as coisas erradas: o buraco na camada de
ozônio, o derretimento das calotas polares, o vírus do oeste do
Nilo, a gripe suína e as abelhas assassinas. Mas acho que aquilo que
preocupa nunca é o que acontece, no final das contas. As catástrofes
reais são sempre diferentes – inimagináveis, desconhecidas,
impossíveis de prever.”
Nessa interessante
ficção contemporânea de Karen Thompson Walker, a vida em
nosso mundo está terminando por causa da desaceleração da rotação
do planeta. E, em forma de diário, a protagonista nos conta os
efeitos da progressão das costumeiras 24 horas em dias de mais uma
semana de duração...
O fenômeno é
intransponível. Resta tentar sobreviver dia a dia, entre os que
tentam levar a vida de forma normal, seguindo o horário antigo e os
que buscam se adaptar aos longos dias de radiação solar e as noites
de duração gelada.
Nossos dramas íntimos
tem a mesma importância que as piores tragédias da humanidade -
principalmente quando a gente é adolescente. E o livro é escrito
nesse tom, de histórias paralelas: a destruição do mundo e a
destruição da infância.
“talvez tivesse
começado antes da desaceleração, mas só depois fui me dar conta:
minhas amizades estavam se desintegrando. Tudo estava desmoronando.
Foi uma travessia difícil aquela, da infância para uma próxima
vida. E, como em qualquer outra dura jornada, nem tudo sobreviveu”.
O texto é claro,
direto e honesto. E egoísta: depois que comecei não consegui dar
atenção às outras leituras até que “A Idade dos Milagres”
estivesse concluído. Excelente livro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Escreva sua opinião. Obrigado.